Atrasos provavelmente serão uma constante por aqui.
Mais ou menos um mês atrás, na primeira edição da Mixtape do Show, eu disse que a seleção mensal sairia sempre na primeira quarta-feira do mês seguinte. Não saiu.
Em algum ponto da semana passada, eu tava escrevendo o texto nosso de cada semana pra publicar por aqui; um material um pouco diferente do que eu tô acostumado a fazer. Não saiu.
Mas eu tenho explicações bem plausíveis pros dois casos, eu prometo. Dá até pra chamar de álibi!
A segunda edição da Mixtape chegou atrasada porque eu passei os últimos dias em São Paulo. E mesmo assim eu tentei! Levei o notebook. Até pensei em escrever no avião!!! Já tava visualizando o começo:
“Me perdoem, mas eu estou escrevendo o texto de hoje com a cabeça nas nuvens…”
Olha que chique!
(…)
Não saiu.
Talvez a desculpa explicação pra falta do último texto semanal não seja tão boa assim.
Eu gosto de desenvolver minhas teses. Escutar músicas de universos diferentes e, de alguma forma, criar uma conexão inesperada entre elas. Traduzir em palavras os sentimentos que muitas obras musicais me provocam. Trazer insights que podem mudar a tua forma de enxergar determinado trabalho. Curar playlists.
Eu gosto de criar.
O problema é que o suposto texto da semana passada não teria nada a ver com isso. Era só eu contando uma história. Uma história famosa envolvendo dois dos maiores artistas da história da indústria; uma história engraçada, inclusive.
Um texto que só existe (parcialmente, pelo menos) porque eu pensei num título engraçado que cairia bem com a história. Mas, começando a escrever, eu perdi totalmente o tesão. E assim ele ficou lá: esquecido na página de rascunhos do Substack. Talvez eu finalize algum dia, mas, no teu lugar, não contaria muito com isso tão cedo.
Enfim… Vamos ao que importa?






Junho definitivamente foi um dos meses do ano. Há tempos eu não caçava tanta música nova e nem encontrava tanta coisa tão boa. Até por isso já peço meu perdão antecipado: a playlist desse mês tem o dobro do tamanho da primeira edição.
Logo nos primeiros dias de junho, eu me peguei afundado em um dos gêneros que moldou minha adolescência: o rock alternativo. Mais do que isso; eu fiquei completamente viciado nos dois primeiros álbuns do Arctic Monkeys. De novo.
E isso foi me levando pra um rabbit hole de muita coisa dos anos 90. Até a última semana do mês, eu achei que a playlist seria uma simples amálgama de artistas relativamente obscuros de mais de 30 anos atrás. Até que a coisa virou forte (lá ele?) e entrou pop, jazz, MPB e até banda de pós-punk metendo track de house.
Segue os destaques:
Anemone – The Brian Jonestown Massacre (2008)
Apesar de estar mais pro lado rock alternativo da Mixtape, essa foi uma das faixas que vieram já na última semana do mês – numa daquelas agradáveis surpresas que os algoritmos jamais sonhariam conseguir proporcionar.
Foi uma amiga que postou nos stories (um beijo pra Jaque) e o que me chamou a atenção a princípio não foi a música, não foi a capa… Foi o nome da porra da banda que me fez ir escutar a parada.
Cara… The Brian Jonestown Massacre… Os caras juntaram o falecido fundador dos Stones com uma das maiores seitas da história dos Estados Unidos. Isso é meio maligno. E totalmente genial.
A música não poderia ter menos a ver com o que o nome da banda indica, mas ela é fantástica e vale muito o teu play.
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To Unknownia – Domenique Dumont (2024)
Se tem uma coisa que o Spotify tem de bom são as playlists mais left field curadas por artistas. Foi numa dessas que essa faixa me apareceu, conseguindo unir dois universos que casam tão bem quanto eu e um copo de cerveja.
Batida eletrônica leve, teclados atmosféricos, linha de baixo hipnotizante, vocais angelicais. Um sentimento de estar no meio de uma floresta com cachoeiras artificiais e pássaros-drone.
O mais curioso é que, quando essa música tocou pela primeira vez na dita playlist, eu fui ver o perfil da banda e descobri que um álbum novo seria lançado no dia seguinte.
Quando ele saiu e eu fui escutar, o som não tinha nada a ver com To Unkownnia. O que veio na real foi uma fusão maluca de dub com dream pop – que também funciona maravilhosamente e vale conhecer.
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Roach Girl – Sammy (1994)
As semanas de rock alternativo noventista resumidas em uma faixa que traz muito bem o que foram o gênero e a época: gravação e mixagem com um toque lo-fi, sujo, quente. Guitarras distorcidas. Melodias vocais que dão inveja a qualquer cantora pop.
Sammy talvez tenha sido uma das grandes joias ocultas que eu descobri em junho. Neste exato momento, eles têm 436 ouvintes mensais no Spotify. Underground pra caralho.
Mais uma vez, indico escutar o álbum inteiro, principalmente aos que gostam desse indie com cara de garagem. É uma boa pedida pra quem curte Television (que foi uma das principais influências dos caras) e Pavement (com quem eles foram comparados inúmeras vezes).
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I Don’t Know – Teenage Fanclub (1991)
E o prêmio de melhor descoberta do mês vai pra banda que eu escutei incansavelmente por três semanas consecutivas. Mais uma vez uma recomendação de uma amiga.
É engraçado: eu tenho uma colega de trabalho (um beijo pra Indara) que é tão pirada em música quanto eu – e que sabe muito. Nesse mês, a gente teve muita troca. Quase todo dia um mostrava algo pro outro. E foi ela quem me apresentou Teenage Fanclub.
Eu não conhecia, mas aparentemente Bandwagonesque (o álbum de I Don’t Know) é um ícone da cena alternativa dos anos 90 e – adivinha – o disco inteiro é foda.
A revista Spin chegou a nomear ele como o melhor álbum do ano. Sim. Em 1991. Tu te lembra de algum outro álbum icônico que saiu esse ano? Algo que talvez tenha mudado o rumo do rock pra sempre? Pois é, esse álbum perdeu o título de melhor do ano pro Bandwagonesque.
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Fame is a Gun – Addison Rae (2025)
Eu não aguento mais mentir pra mim mesmo. Eu preciso confessar. A Addison Rae é muito, mas muito boa. Mais do que isso: o álbum dela é um dos meus discos de pop favoritos do ano até o momento.
Se alguém me dissesse no ano passado que a princesinha do TikTok lançaria a música mais viciante de 2025 eu simplesmente não teria acreditado. Não teria nem levado a sério.
Mas Fame is a Gun é exatamente isso. Não dá pra parar de escutar.
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SOU APENAS OS MEUS SONHOS – Makalister (2025)
Nada melhor que encerrar os destaques com a mais recente faixa do meu conterrâneo e ilustre torcedor do maior clube de futebol do sul do mundo. O Maka é o que Floripa (e São José) tem de melhor quando o assunto é hip hop.
Falar das letras do Maka é chover no molhado – já são elas que fazem o trabalho dele ser tão diferenciado desde o primeiro EP, lá em 2015, e também foram elas que levaram ele pro Brasil inteiro com “o reflexo vira matéria”.
Mas outra coisa que sempre me pegou no som dele é a produção. É muito bom gosto. Samples muito bem selecionados. É um trampo fino. Quem assina a produção de SOU APENAS OS MEUS SONHOS é o Beli Remour, outro monstro sagrado do rap da minha terra.
Agora deu de falar. Vai escutar a playlist.
Ah, e como sempre… Escuta na ordem, arrombado.
Voltamos com a programação normal na semana que vem!
Se não voltarmos, é só reler a primeira frase deste texto; ela diz tudo.